Um ônibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de
abrigo ao velho Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil
devastadora que grassa por toda parte em Moçambique. Como se sabe, depois de
dez anos de guerra anticolonial (1965-75), o país do sudeste africano viu-se às
voltas com um longo e sangrento conflito interno que se estendeu de 1976 a
1992.
O veículo está cheio de corpos carbonizados. Mas há também
um outro corpo à beira da estrada, junto a uma mala que abriga os
"cadernos de Kindzu", o longo diário do morto em questão. A partir
daí, duas histórias são narradas paralelamente: a viagem de Tuahir e Muidinga,
e, em flashback, o percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros
tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a
única esperança contra os senhores da guerra.
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