"Era estranhamente prazeroso sofrer a magia do Fazedor de
Velhos"
Sabemos que "Fazedor de Velhos"
é o apelido do velho Nabuco, mas por quê esse nome? Qual o sentido desse
apelido?
Bem, para começarmos a entender o apelido,
temos que caracterizar os dois personagens e entender o contexto da
história.
Pedro: desde pequeno
ele lia muito na infância. Gosta de se divertir, de jogar futebol, de ir ao
Maracanã e ir à praia. Aos 13 anos começou a fazer curso de inglês e aos 15 fez
intercâmbio no EUA. No Ensino Médio, quase para se formar, começa a gostar de
uma garota chamada Ana Paula mas depois se casa com a afilhada de um professor
de história (que o conhece no aeroporto e depois o reencontra na sua festa de
formatura), Mayumi. Faz faculdade de história, mas não tem certeza ser sua
vocação.
Nabuco: era velho, já um homem de idade, professor de
história que havia sido famoso anteriormente por causa de seus livros. Era um
fã de Shakespeare e, infelizmente, sua família era composta somente por uma
pessoa: Mayumi, sua afilhada.
Como já dito antes, Nabuco é muito sábio, e com ele Pedro aprende
diversos ensinamentos para a vida toda.
Quem deu o apelido para Nabuco foi Mayumi,
quando tinha sete anos. Primeiramente, Nabuco e a afilhada estavam em uma
festa, mas ela não estava se divertindo, por isso perguntou ao professor quanto
tempo ia demorar, e ele lhe respondeu: "Se
você estiver se divertindo, vai demorar pouco. Se você estiver se aborrecendo,
vai demorar muito". Esse
foi o primeiro ensinamento de Nabuco para Mayumi. Depois Mayumi foi visitar o
professor em sua casa com sua avó. Ela recebeu uma surpresa: um brinquedo que
Nabuco comprara para ela se distrair quando fosse visitá-lo. Só que ela não
resistiu e perguntou a Nabuco se poderia levar embora o brinquedo, e ele
respondeu: "Mas aí,
quando você voltar aqui, não terá nada para brincar. Tudo bem?".
É claro que a Mayumi levou o brinquedo
embora, mas na visita seguinte, o levou para a casa de Nabuco e lhe disse que
ele era um Fazedor de Velhos.
Em nossa vida temos que lidar com
frustrações. Obviamente elas não são nada boas, mas temos que aceitá-las e
seguir em frente, e uma menina de sete anos aprendeu isso com o seu sábio
padrinho. Ela aceitou a frustração de não ter o brinquedo sempre com ela. Quem
aceita a frustração, espera, e quem espera pensa, quem pensa, sente. Quando
sentimos, vivemos o tempo, percebendo que ela passa, ou seja, como na festa em
que Mayumi estava.
Ela teve que aceitar a frustração de estar
lá mesmo não querendo, e quando aceitou, ela esperou, claro, para acabar a
festa, e pensou e sentiu, ela viveu o tempo, percebendo que ele estava
passando, já que quando nos divertimos não percebemos o tempo passar, e quando
não nos divertimos, percebemos.
Ela percebeu isso, portanto, se tornou
mais velha.
Esse é o explicamento de O Fazedor de
Velhos, que acaba sendo o apelido de Pedro no final do livro, pois, como
deduzimos, toda essa explicação do apelido tem haver com o tempo, tem haver
quando nos tornamos mais velhos, igual quando Pedro se tornou mais velho por
causa de um livro no aeroporto.
Pedro, como o próprio Nabuco diz, é "um amigo ainda mais íntimo
do tempo".
Frases chaves:
"Passado, presente e futuro, sem
distanciamento, são o presente infinito"
"A consciência da morte reforça
a emoção vivida, e a emoção, mais do que qualquer relógio, nos faz
experimentar essas passagens, e o tempo"
"E a essência do tempo, aquilo que
nunca muda, é o potencial humano para se emocionar"
"Alguns momentos, algumas coisas, ou pessoas, cheiros, visões, objetos e lembranças, nos põem em contato com o passar do tempo. Tudo o que nos emociona, tudo o que nos toca fundo, é o tempo chegando e indo embora. Se eu pudesse dar um conselho a vocês, eu diria: não queiram nunca ser eternamente jovens; gostar de viver é gostar de sentir, e gostar de sentir é, necessariamente, gostar de envelhecer."